MAIS LIDAS

    postado em 16/05/2025 10:40

    A segunda semana do mês de maio foi bastante intensa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio à viagem que fez, entre os dias 8 e 14, à Rússia e à China. Muitos acordos, parcerias, atos e negociações foram acertados em áreas críticas e estratégicas para todas as partes.

    Do ponto de vista econômico, a viagem aos dois países teve, entre seus objetivos, o de buscar mais ganhos na balança comercial. Do ponto de vista político, o Brasil reafirmou seu posicionamento conciliador, em meio às tensões geopolíticas e guerras comerciais do atual cenário internacional.

    Rússia

    O primeiro país visitado foi a Rússia, onde Lula cumpriu agenda de Estado com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois participaram das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial – um dos feriados mais importantes daquele país, tendo como auge o desfile cívico militar do dia 9.

    A missão brasileira buscou, com a visita, ampliar as relações bilaterais entre os dois países, principalmente nas áreas de energia e de ciência e tecnologia.

    Dois atos foram assinados durante a visita a Moscou. Um deles, sobre cooperação em ciência, tecnologia e inovação.

    Foi também firmado um memorando de entendimento voltado à promoção da pesquisa conjunta em áreas, como clima, pesquisa polar, biodiversidade, biotecnologia, pesquisa nuclear, ciência e tecnologia espacial, tecnologias quânticas, astrofísica, física de astro partículas, pesquisa científica marinha e geodésia.

    Relações comerciais

    Atualmente, dois produtos se destacam, entre os importados pelo Brasil, nas relações comerciais com a Rússia: óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (57%) e adubos e fertilizantes químicos (34%).

    As exportações brasileiras se concentram em produtos do agronegócio como soja (33%), café não torrado (18%) e carne bovina (18%).

    O comércio bilateral entre Brasil e Rússia atingiu recorde histórico em 2024, chegando a US$ 12,4 bilhões (aumento de 9% em relação a 2023). Deste total, US$ 1,4 bilhão foram de exportações brasileiras (aumento de 8% em relação a 2023); e US$ 11 bilhões em importações (aumento de 9%).

    “Nós temos um déficit comercial. Nesse fluxo de praticamente US$ 12 bilhões, nós temos quase US$ 11 bilhões de déficit comercial”, declarou Lula durante a viagem.

    De acordo com o Planalto, alguns produtos essenciais para setores estratégicos – nas áreas de tecnologia, defesa e de transição energética – têm potencial para ganhar peso nas relações comerciais com a Rússia, inclusive em termos de pesquisa e exploração de minerais críticos como lítio, cobalto, níquel, grafite e outros elementos das terras raras.

    Durante a visita, Lula lembrou que apenas 30% do território brasileiro já foi pesquisado. Falta, portanto, segundo o presidente, muita coisa para pesquisar.

    “Queremos construir parceria com todos os países do mundo que têm expertise, para que a gente possa tirar proveito e para que o Brasil se transforme numa grande economia”, disse o presidente brasileiro.

    China

    Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante foto oficial dos Chefes de Delegação. China National Convention Center II, Pequim - China??Foto: Ricardo Stuckert / PR Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com Presidente da China, Xi Jinping  Foto: Ricardo Stuckert / PR

    Lula embarcou em direção a Pequim, na China, onde participou, nos dias 12 e 13 de maio, da cúpula entre o gigante asiático e países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac); e do Fórum Empresarial Brasil-China – onde se reuniu com mais de 700 empresários e autoridades.

    Esta foi a quarta visita oficial de Lula à China; e o terceiro encontro com o presidente Xi Jinping nos últimos dois anos. Ela foi marcada por avanços em acordos nas áreas de inovação, energia, saúde e desenvolvimento sustentável, que devem acrescentar R$ 27 bilhões em investimentos daquele país no Brasil.

    De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), esses investimentos serão direcionados da seguinte forma:

    - R$ 6 bilhões da montadora de veículos GWM para expansão de suas operações e exportações para a América do Sul e México;

    - R$ 5 bilhões da Meituan, que promete gerar 100 mil empregos indiretos no setor de delivery;

    - R$ 3 bilhões da CGN em um hub de energia renovável no Piauí;

    - R$ 5 bilhões da Envision na criação do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina;

    - R$ 3,2 bilhões da Mixue, com previsão de 25 mil empregos até 2030 com abertura de lojas de sucos e outras bebidas;

    - R$ 2,4 bi da Baiyin, com a aquisição da mina de cobre Serrote em Alagoas;

    - R$ 1 bilhões da DiDi, em infraestrutura de recarga para veículos elétricos;

    - R$ 650 milhões da Longsys em semicondutores;

    - R$ 350 milhões da parceria da Nortec Química com três empresas chinesas no setor farmacêutico.

    Maior parceiro comercial

    Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157,5 bilhões, gerando, para o Brasil, um superávit acima de US$ 51 bilhões.

    Os produtos mais exportados pelo Brasil são soja, petróleo e minério de ferro. Mas há exportações relevantes também de carnes bovina e de aves, celulose, algodão e açúcar. Já as importações são compostas principalmente por equipamentos de telecomunicação, embarcações e máquinas industriais.

    Segundo o governo federal, a missão na China fortaleceu a cooperação na área da saúde, com a criação do Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas. 

    Por meio da parceria entre a brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac, o Brasil terá condições de se posicionar como “referência em terapias avançadas, com impacto direto na autonomia do SUS e na geração de emprego qualificado”.

    De acordo com a Apex, 4,5% de tudo que a China importa sai do Brasil, enquanto 25% de tudo o que o Brasil importa vem da China.

    Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

    Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. Clique aqui e saiba mais.