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    postado em 23/09/2025 16:53

    Como já é tradição, o Brasil foi o responsável pelo discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou por cerca de 18 minutos e tratou tanto de assuntos internos como de temas internacionais. Confira os principais pontos do discurso: 

    >>> Leia a íntegra do discurso 

    Crítica a sanções e defesa da democracia 

    Sem citar nominalmente o presidente norte-americano Donald Trump, Lula criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.  

    “O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias. E intervenções unilaterais estão se tornando regra.” 

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    Julgamento de Bolsonaro 

    Lula destacou que, pela primeira vez em 525 anos da história do Brasil, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. A fala foi uma referência ao julgamento concluído neste mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pela tentativa de golpe. O presidente afirmou que não há pacificação com impunidade.  

    “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades, a garantia dos direitos mais elementares.”  

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    Migração e pobreza 

    Lula citou a conquista recente do Brasil, que saiu do Mapa da Fome, e defendeu que a pobreza e a desigualdade são inimigas da democracia. Ele criticou também a desigualdade de gênero e aqueles que culpam “migrantes pelas mazelas do mundo”. 

    “A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros e familiares. Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo”. 

    Big Techs 

    O presidente também citou o potencial positivo e os perigos representados pelas chamadas big techs – empresas gigantes de tecnologia. Ele destacou que o Brasil aprovou recentemente uma das legislações mais avançadas do mundo “para a proteção de crianças e adolescentes na esfera digital”, em alusão ao projeto que criou regras contra adultização de crianças nas redes sociais.  

    “A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância.” 

    Genocídio palestino 

    Em um dos pontos mais duros de seu discurso, Lula criticou o que classificou como genocídio em Gaza, defendeu que os demais países reconheçam a Palestina como Estado e disse que o povo palestino corre o risco de desaparecer.  

    “Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.” 

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    América Latina 

    Sobre a América Latina, Lula disse que a região sofre um momento de crescente polarização e instabilidade. Ele defendeu que e a via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela e que o Haiti deve ter direito a um futuro livre de violência. Lula ainda classificou como inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo. 

    “É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas”, disse. 

    Clima e COP 30 

    O presidente destacou a necessidade trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU. Lula propôs a criação de um conselho para monitoramento das ações climáticas globais e conclamou os países a se comprometerem com metas ambiciosas para redução de emissão dos gases que causam o efeito estufa.  

    “Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, no Brasil, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, destacou. 

    Mujica e Papa Francisco 

    No encerramento da sua fala, Lula lembrou que neste ano o mundo perdeu duas personalidades que encarnaram “os melhores valores humanistas”: o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco. Ele afirmou que, se ainda estivessem vivos, usariam aquele espaço para lembrar que "os únicos derrotados são os que cruzam os braços" .

    “ [eles usariam essa tribuna para lembrar que ] podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo.” 

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