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    postado em 11/11/2025 19:51

    Os autores e compositores Nei Lopes e Luiz Antonio Simas têm um encontro marcado às 17h30 desta quarta-feira (12). Os dois participam do clube de leitura no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, para falar de seus livros Bantos, malês e identidade negra (Autêntica, 4ª edição 2021), de Lopes, e O Corpo Encantado das Ruas (Civilização Brasileira, 2019), de Simas.

    Os livros foram escolhidos pelo público que participa do clube de leitura, e o debate ocorre oito dias antes do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

    Desde sua primeira edição (1987), Bantos, malês e identidade negra “procura mostrar dois aspectos do preconceito antinegro embutido na historiografia brasileira anterior à década de 1970”, explica Nei Lopes, na apresentação do livro, se referindo à “exaltação” dos negros malês em detrimento aos bantos.

    A valorização dos malês – escravizados oriundos do litoral dos atuais Benim, Nigéria e Togo ? se dava por serem letrados, pela formação religiosa mulçumana e, especialmente, pelo protagonismo no levante ocorrido em janeiro de 1835 em Salvador, conhecido como a Revolta dos Malês

    Essa visão, quando usada em detrimento aos bantos, produz distorções históricas e apresenta os escravizados bantos, de origem na África Subsaariana, em especial do Congo e Angola, como intelectualmente inferiores.

    O erro historiográfico foi percebido por Nei Lopes nas ruas, mais exatamente nos carnavais, que faziam “a apoteose dos malês”, conta em entrevista à Agência Brasil

    “Quando eu vi isso, disse espera aí. Isso não pode ser assim. O samba não é malê. A música popular brasileira não é malê.”

    Bantos, malês e identidade negra desfaz essa falsa ideia. “O escravismo brasileiro foi eminentemente banto, como prova afro-originada principalmente na música, nas danças dramáticas, na linguagem, na farmacologia, nas técnicas de trabalho e até mesmo nas estratégias de resistência aqui desenvolvidas”, esclarece Nei Lopes no prefácio do livro.

    Nas ruas do Rio

    Os povos bantos foram o grupo étnico majoritário levado ao Rio de Janeiro pelos escravizadores. A presença negra é facilmente notada nas ruas da antiga capital da colônia e do império. “Eu diria que a maneira como a rua é vivenciada no Rio de Janeiro é absolutamente tributária desse Rio negro”, afirma Luiz Antonio Simas, autor de O corpo encantado das ruas.

    Segundo ele, é nas ruas “que se constrói uma certa perspectiva sobre a cultura carioca”, e essa maneira de ser é “profundamente marcada” pela africanidade.

    São Paulo (SP) 10/02/2024 - Historiador Luiz Antonio Simas, expressa preocupação com tentativas de descaracterização carnaval pelas pressões do capital e do proselitismo religioso.
Foto: Victor Vasconcelos/Divulgação
    Historiador Luiz Antonio Simas Foto: Victor Vasconcelos/Divulgação

    “Nós estamos falando da cidade que era a maior cidade africana do Século 19 no mundo. Uma cidade muito impactada pelo horror da escravidão, mas, ao mesmo tempo, uma cidade muito marcada por uma rua fundamentalmente preta.”

    Luiz Antonio Simas e Nei Lopes são parceiros em outro livro, o Dicionário da história social do samba (Civilização Brasileira, 2015). A mediação do encontro é de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Ramon Nunes Mello.

    Serviço

    Quando: quarta-feira (12/11) às 17h30

    Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) -  Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro/RJ

    Quanto: evento gratuito - ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.

    Classificação indicativa: 14 anos

    Conforme os organizadores, os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil

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