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    postado em 15/11/2025 14:40

    O governo brasileiro e a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP) firmaram neste sábado (15), em Belém, uma parceria de cinco anos para expandir o acesso à energia renovável nas regiões mais isoladas da Amazônia. O anúncio ocorre em meio à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

    O acordo tem como objetivo eliminar a pobreza energética, além de fortalecer a bioeconomia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

    Uma fase piloto do projeto começou este ano com o investimento da GEAPP de US$ 3 milhões. A meta é triplicar esse valor nos próximos três anos através de captação adicional de fundos.

    A parceria com o governo federal tem duas frentes: apoiar políticas públicas para ampliar o acesso à energia e à geração de renda; financiar projetos piloto e oferecer suporte técnico e regulatório.

    >> Acompanhe a cobertura da EBC na COP30

    Tecnologia

    Na prática, o sistema de energia renovável funciona a partir de microgrids, que são uma rede de distribuição de energia com uma ou mais fontes de geração.

    No caso do projeto na Amazônia, serão plataformas solares comunitárias com baterias. A equipe do GEAPP realiza estudos prévios, como o diagnóstico energético da comunidade, para dimensionar corretamente as demandas e que tipo de equipamentos são necessários.

    “Vamos construir e instalar sistemas solares com baterias, um pouco maiores que os sistemas individuais. Assim, eles poderão abastecer atividades geradoras de renda, dia e noite. A energia excedente será armazenada para permitir que a produção continue mesmo no período noturno”, explica Luisa Valetim Barros, que lidera a GEAPP no Brasil.

    Depois da instalação, o controle dos microgrids fica totalmente com a comunidade. Líderes comunitários recebem treinamento técnico básico de manutenção.

    A equipe da GEAPP, junto com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), visitou diferentes comunidades para entender necessidades locais e identificar potenciais produtivos.

    “A ideia é que o sistema seja associado à comunidade. Eles serão treinados para fazer manutenção básica. O que for mais avançado contará com apoio técnico das distribuidoras”, disse Luisa Barros.

    “Havia comunidades sem necessidade de uso produtivo comunitário, então seguimos para outra. Perguntamos se queriam ampliar a produção de açaí, colocar no mercado, ou se havia áreas para irrigação agrícola”, complementou

    O foco principal está na chamada Amazônia profunda — áreas sem acesso à rede elétrica — especialmente nos estados de Amazonas, Pará e Roraima, incluindo comunidades indígenas.

    Inclusão social

    O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silva, destacou que a parceria representa um marco na combinação entre inclusão social e compromisso climático.

    “O Brasil está mostrando que é possível combinar inclusão energética, responsabilidade climática e oportunidade econômica. Esta parceria com a Global Energy Alliance reforça o compromisso nacional de levar energia renovável e universal a todas as famílias brasileiras. Estamos transformando a ambição climática em ação concreta”, disse o ministro.

    O diretor-executivo da GEAPP, Woochong Um, reforçou que o acordo vai muito além da infraestrutura elétrica.

    “Temos orgulho de firmar esta parceria para transformar energia limpa em oportunidade para comunidades em toda a Amazônia. Isso vai além da eletricidade — trata-se de dignidade, meios de subsistência e um futuro justo para cada família. O que construirmos na Amazônia pode se tornar um modelo de eletrificação equitativa e crescimento inclusivo em toda a América Latina e além”, disse.

    Após a COP30, o tema seguirá em destaque no 2º Workshop Energias da Amazônia, previsto para dezembro em Manaus. O encontro reunirá autoridades, concessionárias e parceiros internacionais para discutir resultados dos leilões de sistemas isolados e novos projetos de eletrificação limpa em comunidades remotas.

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