
Em agosto, o indicador superou pela primeira vez a barreira dos R$ 8 trilhões. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), revisado em setembro, o estoque da DPF deve encerrar 2025 entre R$ 8,5 trilhões e R$ 8,8 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) avançou 0,31%, passando de R$ 7,82 trilhões em setembro para R$ 7,948 trilhões em outubro. No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 41,38 bilhões em títulos a mais do que resgatou, principalmente em papéis vinculados à Taxa Selic. A essa emissão líquida, somou-se a apropriação de R$ 85,23 bilhões em juros.
Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 15% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do governo.
No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 162,59 bilhões em títulos da DPMFi. No entanto, mesmo com o alto volume de vencimentos de títulos prefixados em outubro, os resgates foram menores e somaram R$ 119,86 bilhões.
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) subiu 1,17%, passando de R$ 301,53 bilhões em setembro para R$ 305,06 bilhões em outubro. O principal fator foi a alta de 1,24% do dólar no mês passado, em meio a tensões entre o governo de Donald Trump e a China.
Colchão
Após uma queda em setembro, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos) voltou a subir em outubro. Essa reserva passou de R$ 1,032 trilhão em setembro para R$ 1,048 trilhão no mês passado. O principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi a emissão líquida (emissões menos resgates) no mês passado.
Atualmente, o colchão cobre 8,81 meses de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,434 trilhão em títulos federais.
Composição
Com a forte emissão de títulos corrigidos pela Selic, a composição da DPF variou da seguinte forma de setembro para outubro:
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos vinculados à Selic: 47,47% para 48,19%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos corrigidos pela inflação: 26,81% para 26,68%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos prefixados: 22,02% para 21,44%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos vinculados ao câmbio: 3,7% para 3,68%.
O PAF prevê que os títulos encerrarão o ano nos seguintes intervalos:
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos vinculados à Selic: 48% a 52%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos corrigidos pela inflação: 24% a 28%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos prefixados: 19% a 23%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Títulos vinculados ao câmbio: 3% a 7%.
Normalmente, os papéis prefixados (com taxas definidas no momento da emissão) indicam mais previsibilidade para a dívida pública porque as taxas são definidas com antecedência. No entanto, em momentos de instabilidade no mercado financeiro, as emissões caem porque os investidores pedem juros muito altos, o que comprometeria a administração da dívida do governo.
Em relação aos papéis vinculados à Selic (juros básicos da economia), esses títulos estão atraindo o interesse dos compradores por causa das recentes altas promovidas pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). A dívida cambial é composta por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa.
Prazo
O prazo médio da DPF oscilou de 4,16 para 4,14 anos. O Tesouro só fornece a estimativa em anos, não em meses. Esse é o intervalo médio em que o governo leva para renovar (refinanciar) a dívida pública. Prazos maiores indicam mais confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar os compromissos.
Detentores
A composição dos detentores da Dívida Pública Federal interna ficou a seguinte:
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Instituições financeiras: 32,21% do estoque;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Fundos de pensão: 22,97%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Fundos de investimentos: 21,21%;
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Não-residentes (estrangeiros): 10,46%
•%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%%E2%80%82%Demais grupos: 13,2%.
Apesar da maior tensão no mercado financeiro em outubro, a participação dos não residentes (estrangeiros) subiu em relação a setembro quando estava em 10,19%. Em novembro do ano passado, o percentual estava em 11,2% e tinha atingido o maior nível desde setembro de 2018, quando a fatia dos estrangeiros na dívida pública também estava em 11,2%.
Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos - com alguma correção - que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).
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